No dia nacional de luta contra a obesidade, vale a pena pensar nas nossas crianças e nos jovens.
Sim! As nossas crianças merecem o melhor. Mas será que é isso que lhes estamos a oferecer?
A obesidade é, actualmente, um flagelo global, reconhecido, como tal, por instituições governamentais e não governamentais, nacionais e internacionais.
A Organização Mundial de Saúde, tem vindo a alertar para este problema de saúde pública, através de vários estudos e relatórios (1), trabalhando no sentido da responsabilização e mobilização da sociedade para o trabalho na prevenção desta que é uma doença que tem assumido proporções epidémicas.
Em Portugal, a Direção Geral de Saúde, através da Circular Informativa nº.09/DGCG, de 25/03/04 (2), assumiu a “Obesidade como Doença Crónica, que pode atingir homens e mulheres de todas as etnias e de todas as idades e requer estratégias de longa duração para a sua prevenção e gestão efectivas.”
Segundo dados do relatório “Childhood Obesity Surveillance Initiative: COSI Portugal 2013” (3) 31,6% das crianças portuguesas apresentam excesso de peso, sendo 13,9% obesas.
Será que estamos a alimentar os nossos filhos de forma correta?
Já experimentou a sensação de tentar alimentar os seus filhos com algo saudável e nutritivo, e vê-los virar o nariz para cima e teimosamente, proferirem expressões como: “yuck”, “que nojo” ou “não gosto disto”?
Se este cenário lhe parece familiar, não se preocupe! Não está sozinho (a)!
Embora o treino requeira muita paciência, persistência e muito AMOR, estamos certos de que é possível encorajar os nossos filhos a comer bem, tornando essa uma experiência verdadeiramente gratificante também para os pais!
Aqui estão algumas dicas para ajudar nesta jornada:
1. A vida secreta dos vegetais:
A maneira mais fácil de incentivar seus filhos a comer alimentos saudáveis é usando a imaginação, criando snacks que deliciosos, mas também muito saudáveis. Não é apenas eficaz, também é muito divertido!
Aqui ficam umas dicas:
Palitos de cenoura e courgete com manteiga de amêndoa ou de caju:

1 cenoura e 1 courgete cortadas em palitos
Manteiga de amêndoa ou de caju*
Coloque a manteiga de amêndoa/caju numa tigela e mergulhe os palitos de cenoura e courgete.
*Para fazer manteiga de amêndoa/caju basta colocar os frutos secos (pode usar crus ou torrados) no batedor/picadora e bater até tomar a consistência pretendida. Muito fácil!
Banana com manteiga de amêndoa e sementes de cânhamo:

Envolva a banana com a manteiga de amêndoa e polvilhe com sementes de cânhamo e canela (opcional).
Corte às rodelas e sirva.
2. A influência da família:
As atitudes das crianças são fortemente influenciadas pelas pessoas com quem passam mais tempo, geralmente com a família. Consequentemente, as suas preferências alimentares são, em grande parte, determinadas pelas preferências alimentares dos seus pais e irmãos. Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition concluiu que a influência dos pais tem um impacto significativo na seleção de alimentos por parte das crianças (4).
3. Não seja a “polícia alimentar”:
Obrigar as crianças a consumir alimentos que elas odeiam não é a fórmula correta de as educar para a saúde. Em vez disso, tente compor seletivamente a sua despensa com uma variedade de alimentos saudáveis e saborosos, como, por exemplo, os frutos secos – amêndoas, caju, nozes ou bagas frescas, como os mirtilos ou as amoras – e as sementes – sementes de cânhamo, girassol ou abóbora, evitando tudo o que se relacione com “junk food”, como as batatas fritas ou cereais de pequeno almoço. Dessa forma, cada escolha que seu filho faz dentro da casa é garantida como sendo uma opção saudável, ajudando-o, também, a criar as suas próprias preferências!
4. O segredo está na educação
Aprender sobre nutrição é muito divertido! Uma das maneiras mais simples de ajudar as crianças é ensiná-las a correlacionar o que comem com o que sentem. Por exemplo, se eles comem algo nutritivo, tente perguntar-lhes como se sentem e depois atribuam, em conjunto, uma definição para essa sensação. Por exemplo, depois de um punhado de bagas frescas, elas podem sentir-se “com energia” ou “vibrantes”. Através deste processo, o cérebro do seu filho vai começar a criar caminhos neurais que ligam alimentos saudáveis com sensações positivas.
Natureza
5.O poder da natureza
Não há nada mais importante para promover uma relação positiva entre as crianças e seus alimentos do que comer produtos que foram recém-colhidos do seu próprio jardim ou, mesmo varanda! Tente criar espaços para pequenas culturas, de forma a que o seu filho crie o seu próprio sentido de responsabilidade e respeito pela natureza.
(1)WHO Consultation on Obesity (1999 : Geneva, Switzerland) Obesity : preventing and managing the global epidemic : report of a WHO consultation.
(2) https://www.dgs.pt/doencas-cronicas/a-obesidade.aspx
(3)http://nutrimento.pt/activeapp/wpcontent/uploads/2015/09/Relat%C3%B3rio_COSI_PT_2013.pdf
(4) http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0002822302904219
*Este artigo é da responsabilidade da Drª Catarina Maia

